Monday, August 4, 2008

eco

queria poder dizer-te o que sinto
queria falar mais e escrever menos...
não o sei fazer, por palavras meias...
deixo-me estender ao longo das linhas
na ilusão de que quanto maior for o número de linhas percorridas,
mais chego a algum lado, com palavras...
por vezes nem por isso,
apenas me embrulho, reembrulho e desato numa extensa embrulhada,
sem pensamentos fluídos ou com sentido...
algumas vezes nem sei muito bem onde quero chegar com as palavras,
junto-as, baralho-as, atiro depois à pagina e vejo no que resulta,
se num discorrer insensato de desarranjo verbal incontrolável
se numa ausência de fala
se num simples silêncio, em que a palavra está mas não diz...

queria poder dizer-te que sinto falta de mim nas tuas palavras
queria poder reconhecer-me,
como de certo te reconheces nas minhas,
nao quero, não posso querer, é injusto...
gostava que sim, que fosse verdade que o meu eco em ti fosse como o teu em mim
contínuo...

por vezes se o meu cérebro não fosse tão complicado, talvez fosse mais simples
suportar o caminho das linhas não escritas sem voz em mim
ou talvez não,
pela complexidade que uma palavra encerra ainda que na sua virtual ausência.

discorro linha a linha sem saber muito bem onde esta verborreia me conduz...

talvez fosse simples:
queria ler-me nas tuas palavras.

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